Todo início de ano é a mesma coisa: empolgação total com as novas metas, necessidade de colocar todos os planos em ação, pra não correr o risco de desanimar. Foi exatamente assim que resolvi me matricular na academia perto de casa, exatamente no dia 2 de janeiro...rs. Sim, como eu disse: sem perigo de desanimar.
Iniciei os exercícios mega feliz, finalmente a vida sedentária chegaria ao fim. Foi nesse ambiente propício à novos desafios (no meu caso é, já que malhar sempre foi um sacrifício), que entre flexões, remadas e supinos, conheci um rapaz interessante por lá. Na verdade, ele era amigo de um amigo, o que facilitou muito a aproximação. Mas...como disse anteriormente em outro texto, os homens daqui não têm atitude, não te convidam pra sair, ainda que demonstrem interesse. Sendo assim, euzinha resolvi convidá-lo para um jantarzinho entre amigos, algo bem light, só para manter contato, rs.
Sabe aquela sensação de leve arrependimento em certos momentos da sua vida? Isso mesmo, eu também senti. Quando o cidadão e os respectivos amigos chegaram, senti uma enorme vontade de me enfiar, em qualquer canto que eu coubesse e que pudesse levar as amigas junto. O tal carinha foi vestido com a mesma roupa que costumava frequentar a academia (regata e bermuda...afff). Enfim, quem está na chuva é pra se molhar e lá estava eu, interessada e desapegada à detalhes. Mas... os amigos também eram meio estranhos. Sim, um inclusive possuía uma tatuagem, de canetinha. Uhum... isso mesmo, tatuagem de canetinha. Uma de minhas amigas (a mais descolada) ficou instigada com aquele visual, não resistiu e perguntou. Ele respondeu, sem o menor pudor, que simplesmente estava testando uma boa tatuagem. Parafraseando o próprio: “quero ver como fico com esse desenho”. Some a isso, um sorrisinho desavergonhado dos amigos.
Sim, leitoras. Nessa hora o arrependimento já crescia sensivelmente. Mas, como a “tatu” era do amigo e não dele, relevei. Eu realmente estava interessada no cara. Eu disse a vocês: “Em Floripa, as opções são escassas”. Bom, saímos algumas vezes, o papo era até legal, eu sempre “evitava” a presença do amigos, mas ALGO estranho pairava no ar. Além do figurino de garotão que ele insistia em apresentar, eu estranhamente não me importava com aquilo, mesmo não tendo mais 20 anos.
Ah, esqueci de mencionar. Um dos amigos era promotor de eventos. Eu e minhas amigas ficamos entusiasmadas, já pensamos em várias festas legais para frequentar e começamos a questioná-lo a respeito dos lugares, do som que tocava, etc, etc, etc. Comemos muito o cérebro do menino, mas ele se esquivava e trocava de assunto. A cada momento, os indícios de estranhamento no ar só aumentavam. Eu realmente estava incomodada com certas coisas.
Resumindo algumas semanas de encontros, comecei a recusar certos finais de semana na companhia do malhadinho. Eu estava muito com “a pulga atrás da orelha”. Certo dia, na academia, durante meus 15 minutos de bike, o cara chega e pergunta se não quero ir à uma festa com ele. Festa que o amigo estava promovendo, que ele sempre frequentava, que era extremamente animada, música boa, blá, blá, blá. Uhull, até que enfim eu descobriria as festas do amigo, pois já desconfiava que era realmente promotor. Ok, decidi aceitar o convite, pensei que seria uma boa oportunidade de me reanimar com o gatinho, já que a euforia inicial já tinha ido pras cucuias fazia muito tempo. Um dia antes da festa, comecei a “investigar” com ele sobre que tipo de festa seria, como deveria me vestir, já que o look depende muito do lugar que você vai (vocês me entendem, neh?). Meio encabulado, mas decidido a me levar ao tal lugar, ele confessa com todo coração: “Na verdade, eu costumo frequentar festas promovidas pela minha religião. Mas são baladas muito divertidas, a galera dança até altas horas. É uma rave. Rave de Jesus!”
…
Uhum, isso mesmo que vocês leram. O menino era evangélico (nada contra, por favor), mas frequentava baladas religiosas e queria muito que eu entrasse nessa também. Bom, vocês já devem imaginar o que aconteceu, ou melhor, o que não aconteceu. No dia da festa, eu surpreendentemente não pude comparecer, não estava me sentindo muito bem e pedi milhões de desculpas pela ausência.
Bom, acho que ele entendeu o recado. Subitamente saiu da academia e não me procurou mais. Sem querer ser indelicada, mas sendo sincera, não conseguia me imaginar naquela situação, só para agradar alguém.
Leva mal, não. Jesus é o Cara, sou fiel a Ele, mas... rave de Jesus? Não dá!! Quer saber? Fiquei sem o cara, mas continuei na academia, feliz e sarada!