"Eu prefiro ser a louca do jardim enquanto o mundo ri e faz suas coisas do que ser quem se tranca nessas salas infinitas suas pra nunca entender ou fazer que não sente ou não poder sentir ou ser sem tempo de sentir ou ser esquecido e finalmente não ser." (Tati Bernardi, nossa amiga)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O psicopata


Era uma daquelas noites muito quentes de verão. Isabella e eu decidimos sair pra dançar, conhecer gente nova e dar umas boas risadas. Eu estava particularmente motivada a tentar me afastar (mais uma vez) do meu Mr. Big (é, como a Carrie Bradshaw também existe um Mr. Big na vida de Alice) . Então lá fomos nós, bem felizes da vida. Só que o calor era tamanho que acabamos nem entrando em bar algum. O centrinho da Lagoa estava animado e foi por ali mesmo que ficamos. Voltinha pra lá e voltinha pra cá, interagimos com gente de praticamente todas as regiões do país. Até que um paulistano chamou minha atenção. Conversamos – não sei o que, mas a conversa parecia boa pois até o meu número de telefone eu passei pra ele, combinamos de nos encontrar de novo, e nos beijamos. Ali eu comecei a suspeitar que algo estava errado com ele. Explico: foi só um beijo, mas quando eu abri os olhos me deparei com um olhar que me deu...medo! Devia ter parado por ali, mas sabe aqueles dias que você quer tanto conhecer gente interessante que acaba acreditando que qualquer um é? Acho que era um desses dias pra mim. Por fim, Isabella e eu fomos embora. No caminho para casa recebi uma mensagem de texto gigante dizendo o quanto a noite havia sido boa, que eu era isso e aquilo, convidando pra fazer alguma coisa e muito mais blá blá blá. Achei exagerado, mas pensei "ok, vai ver é só um cara excessivamente carinhoso, respondo amanhã!". Ao chegar em casa, por volta de 4 horas da manhã, foi eu deitar na cama e o telefone tocou. Atendi rápido achando que poderia ser urgente. Não era. Era o fofo, revelando ser na verdade um psicopata. Sim, porque além de não esperar o dia seguinte pra ligar ou a resposta para a mensagem anterior, o motivo da ligação em plena madrugada era marcar local e hora do encontro do dia seguinte. E eu só pensava: "Oi? Que p**** é essa?". Despachei o cara. Mas ele gostou disso e passou os dias seguintes me ligando e me mandando mensagens relatando t-o-d-o-s (sem exagero) os passos de suas férias. Resolvi dar uma chance pro psico (ainda estava em dúvida se ele era psico ou se era eu que não estava acostumada com carinhas assim) e saímos algumas vezes durante aquela semana. Por via das dúvidas, somente em lugares públicos! Até que - enfim - chegou o dia em que a minha dúvida foi sanada. Estava em um bar com uns amigos e disse pro psico nos encontrar lá. Ele foi. Quando chegou finalmente eu percebi quem ele era (foi como se até então eu estivesse usando óculos com lentes embaçadas e de repente elas voltassem a ficar limpas). Ele estava com uma roupa estranha (sabe uniforme de cobrador de ônibus? Igual!), e aqueles olhos esbugalhados. Muito! Como eu não vi aqueles olhos esbugalhados antes???? Sem explicação! Bom, ele se juntou ao grupo e eu já caindo em mim comecei a manter uma distância segura. Nisso, o carinha que a Isabella estava saindo ligou pra ela e nos convidou para um churrasco. Acabou que o convite escapou para o psico também, que não hesitou em aceitar. Lá no churrasco não conseguia deixar que ele encostasse em mim (que medo daqueles olhos!) e o querido então resolveu dar início a uma DR como se já estivéssemos juntos há anos! Queria saber por que eu havia mudado e por que eu estava estranha, e eu, não podia deixar passar essa oportunidade. Disse que achava que o estranho ali era ele com aquele comportamento altamente sufocante e aquele olhar...que dava medo, muito medo! E não é que o psico assumiu que era mesmo? E que eu não era a primeira pessoa a falar isso? Bom, o papo rendeu um pouco além disso. Ele começou a falar que entendia muito de psicologia e psiquiatria. Oi??? Mas não convém aqui entrar tanto em detalhes. Sei que no final tudo acabou bem, cada um foi para o seu lado e nunca mais tive notícias do estranhozinho. Só me perguntava até hoje como que, mesmo por instantes, eu achei aquele cara interessante. E encontrei a resposta somente agora, parando para escrever essa história. É simples e óbvio: mulheres carentes demoram a perceber olhos esbugalhados!

4 comentários:

  1. Cara... eu jamais esquecerei aqueles olhos esbugalhados..... E lembra que ele ainda ficava me perguntando se eu tinha medo dele????? Meu Deus, eu tinha muuuuuuuuuuuito medo dele!!! hehehehehe

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  2. Eu também jamais esquecerei aqueles olhos! Tenho pesadelos com eles até hoje! rsrs...

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  3. Aff.... fiquei com medo agora, será que eu não consigo perceber olhos esbugalhados neste momento da minha vida? kkkk.....

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  4. hahaha...e vc acha que não tenho pensado muito nisso também?
    (Alice)

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