"Eu prefiro ser a louca do jardim enquanto o mundo ri e faz suas coisas do que ser quem se tranca nessas salas infinitas suas pra nunca entender ou fazer que não sente ou não poder sentir ou ser sem tempo de sentir ou ser esquecido e finalmente não ser." (Tati Bernardi, nossa amiga)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Maldito bolinho

Sempre soube que não sou boa em conhecer sogras e afins... não que eu seja uma pessoa ruim ou problemática, mas sim porque eu sempre dou um jeito de fazer alguma merda no dia das apresentações. Inconscientemente, é claro. E foi isso que aconteceu com a mãe do M.
O tal M. era um guri mto fofo... querido, educado, gato, gostosíssimo e extremamente filhinho da mamãe. Era daqueles que ligam pros pais toda hora pra dizer que os ama e que não dá um passo sem informá-los sobre o seu paradeiro... Eu achava isso lindo. Pois bem. Estávamos ficando há algumas semanas e era tudo perfeito. 
Em um belo dia, fomos comer um bolinho de bacalhau em um barzinho da zona sul, perto da casa dele. Comemos bolinhos, tomamos um chopp e depois resolvemos ver um filminho em seu apartamento. Os pais dele não estavam em casa, óbvio. Aquele ainda não era o dia das apresentações. Ou pelo menos não deveria ser. 
No caminho pro apê, ele resolveu passar no posto de gasolina para comprar cigarro - sim, ele fumava e muito. Quando chegamos ao posto, ele viu uma garrafa de vodka, daquelas menores que vendem em postos de conveniência, e perguntou o que eu achava de comprarmos uma pra gente beber com coca mais tarde, depois do filme. Eu concordei, não vendo problema nenhum numa simples dose de vodka com coca à noitinha... Só que ele se empolgou e comprou DUAS garrafas. Já sabem onde isso vai dar, né? Sintam o cheiro de merda no ar...
Ele ligou pros pais e disse que nós iríamos pro apartamento ver um filme, - que fique bem claro que os pais dele sabiam da minha existência e me tratavam como a "namorada do fulano" - só que quando chegamos lá resolvemos inverter a ordem das coisas. Ao invés da combinação FILME - VODKA, fizemos VODKA - FILME. Aliás, que filme? Iniciamos nossas doses de vodka com coca e acabamos com a primeira garrafa e metade da segunda. Imaginem como ficamos? Daquele jeito.... bêbados, bêbados e bêbados. Resultado? Fomos pro quarto e caímos no sono. Eu dormi como um bebê no quarto dele, na cama dele e nem vi quando os pais dele chegaram. Meu Deus. No meio da madrugada, meu estômago, fígado, baço, ou seja, todos os meus órgãos começaram uma revolução para expulsar aquela vodka toda do meu corpo. Sim, comecei a(s) sessão(ões) de vômito. E adivinhem? Acordei a casa inteira com o barulho e a movimentação de alguém que está querendo jogar fora todas as tripas. Acordei a mãe dele, que até então eu não conhecia pessoalmente,   acordei o pai dele, que já era um senhor, e ainda tive que engolir a mãe dele me ajudando no banheiro enquanto me comia no esporro e dava esporro nele também. E ele, o M., com aquela cara de quem não fez nada, só dizia:
- Mas, mãe... a gente não bebeu nada.... Deve ter sido o bolinho de bacalhau que a gente comeu antes de vir pra cá! 
- Bolinho de bacalhau ??? Eu encontrei duas garrafas de vodka na sala, uma vazia e uma pela metade, e você vem me dizer que um bolinho de bacalhau fez mal????? Eu já disse que não quero vc bebendo vodka! Olha o estado dessa menina!!! 
A mulher estava enlouquecida. E o pior, com razão.
Bom, nem preciso dizer que passei a noite inteira conversando com o vaso sanitário da família T. No dia seguinte, acordei com uma ressaca moral que ninguém no mundo faz ideia. Quando eu abri o olho e me dei conta de onde estava e me lembrei mais ou menos do que tinha acontecido, não queria sair do quarto. A vergonha era tanta, mas tanta, que eu preferia arriscar um voo do 12º andar a ter que encontrar a família dele no café da manhã. Mas não teve jeito, tive que sair. O M. já tinha acordado e provavelmente conversado com os pais, pq qdo eu apareci na cozinha, ninguém mencionou nada sobre o acontecido. Me deram bom dia,  água (por que será?) e café preto. Eu não bebo café, mas naquela altura do campeonato, eu não estava em condições de falar absolutamente nada. Tomei o que me deram e fiquei tentando manter a conversa com a mãe dele, que disse que ficou preocupada comigo - isso depois de dizer a frase clássica "Ah, você é a Isabella! Que bom te conhecer". Porra nenhuma, ela deve ter pensado: "essa vadia tá fazendo meu filho beber igual a um porco e depois ainda vem vomitar no meu banheiro". ... Mas como disse, ela podia pensar o que quisesse... eu tinha me queimado e feio com a família tradicional e amorosa deles... rs
Bom, como desgraça pouca é bobagem, não parou por aí... Eu já disse que o M. fumava horrores, então, àquela hora da manhã, ele passou pela cozinha com um cigarro na boca e eu, querendo ser simpática, disse pra mãe dele, que estava na mesa comigo, fazendo a social:
- O M. fuma tanto... sempre falo pra ele parar pq isso faz mal e tal... mas ele não me escuta....
Aí, a mãe dele, com uma cara nada simpática, levantou da mesa, pegou um cinzeiro, acendeu um cigarro e respondeu:
- Aqui em casa todos fumamos bastante. Já estamos acostumados.
Depois de mais uma bela mancada, resolvi calar a minha boca e me mandar dali. Eu já tinha megaextrapolado a minha cota de queimação de filme. Tomei um banho, coloquei minha roupitcha e dei no pé. Preciso dizer se o namoro foi pra frente  ou se eu voltei a ver o senhor e a senhora T. na vida.... ? Acho que não, né...  O gatinho eu continuei pegando mais algum tempo, mas frequentar a casa dele... isso aí  só na próxima vida, quem sabe... rs

6 comentários:

  1. Pois é, esses bolinhos com muita gordura, sempre fazem estrago...rs. Mas, podia ser pior. E se fosse uma dor de barriga??

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  2. Vodka é o diabo líquido! Quero distância..rsrs...

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  3. Dor de barriga ia ser cruel.... rs

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  4. Estou com a Alice... distância total!

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  5. Fritura é complicado mesmo...tem gente que tem o estômago tão sensível....

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  6. MUITO BOM! Eu ri.
    uma prosa leve e divertida... parabéns!

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